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"Não acredito que tabelamento de frete vai funcionar", diz ministro
09/08/2018
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O ministro da Agricultura, Blairo Maggi, reforçou na terça-feira (7/8) sua insatisfação com o tabelamento do frete, que segundo ele, vai criar muitos problemas à frente. Maggi diz que, pelas características do Brasil, não há como tabelar o custo do transporte. "Há vários tipos de rodovias, os caminhos são diferentes e botar tudo isso no mesmo pacote não dá certo", afirmou durante o 28º Congresso e ExpoFenabrave, realizado em São Paulo. "Os preços propostos na tabela ficaram muito elevados e a renda do produtor já é pequena."
Blaggi também afirmou que o tabelamento terá efeitos sobre a inflação. De acordo com ele, não se tratará de uma escalada dos preços, mas de um ajuste. "Com toda certeza. Já se percebe isso impacto sobre os preços não só na área de grãos, mas em cargas gerais, cargas de retorno", citou. "Tudo isso vai levar a um movimento de ajuste no processo inflacionário."
No evento, a Embrapa Territorial apresentou o Sistema de Inteligência Territorial Estratégica da Macrologística Agropecuária Brasileira, lançado na manhã da terça-feira em Brasília. O sistema, porém, foi pouco abordado por Maggi, que preferiu focar nas questões referentes à safra que será semeada a partir de setembro, diretamente vinculadas ao custo de frete.
O ministro admite que a tabela, por ter sido aprovada pelo Congresso, vai passar. Mas prevê que, no futuro, caberão ao produtor os custos do transporte, ao contrário do que acontece hoje, quando tradings se encarregam de retirar o produto da propriedade. Maggi avalia que, da maneira com que o assunto está sendo encaminhado, o governo lança o olhar sobre um processo que é ineficiente e que terá que ganhar escala para ser eficiente.
À plateia de revendedores de caminhões, Maggi disse que, inicialmente, o tabelamento do frete vai acarretar uma maior venda de caminhões porque os produtores vão se ocupar do transporte de seus produtos e, com isso, montar suas frotas. Ocorre que, disse o ministro, esses produtores terão que colocar em seus orçamentos o custo de frotas paradas por quatro meses (quando não há produto a transportar), como ocorre com as colheitadeiras.
Fonte: Estadão Conteúdo
Créditos da Imagem: Fernando Martinho/Ed. Globo