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Indústria alimentícia cresce amparada pelas exportações
25/02/2021
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A indústria brasileira de alimentos e bebidas registrou um crescimento de 12,8% no faturamento com exportação e mercado interno, indo de R$ 699,9 bilhões em 2019 para R$ 789,2 bilhões em 2020. O resultado, que representa 10,5% do PIB nacional, foi divulgado pela Associação Brasileira da Indústria de Alimentos (ABIA) em webinar virtual nesta quarta-feira. Descontada a inflação, o aumento de vendas reais chegou a 3,3%, enquanto o volume de produção cresceu 1,8%.
A alta demanda propiciada pela pandemia afetou o preço das commodities com aumentos generalizados: 95% na soja, 75% no milho, 51% no trigo e 45% no café robusta, destaca João Dornellas, presidente-executivo da ABIA. Dentre as categorias que registraram altas na venda real estão os açúcares (58,6), óleos vegetais (21,2%) e carnes (13%). Na ponta negativa, as maiores quedas foram de bebidas (-8,3%) e derivados de trigo (-1,9%). “A pandemia trouxe movimento global por qualidade de alimentos. No total exportamos 11,4% a mais”, afirmou o presidente executivo. O total de exportações ficou em US$ 38,2 bilhões, contra US$ 34,2 bilhões em 2019.
O resultado fez com que exportações representassem 25% das vendas totais do setor, um aumento em relação aos 19,2% que representava em 2019. Dentre os fatores que contribuíram para esse aumento estão a desvalorização do câmbio e a demanda alta da Ásia, especialmente na China que ainda se recupera dos impactos da Peste Suína Africana que dizimou metade de seus rebanhos. As exportações de carnes bovina, suína e de aves para a China subiram 44,5% em relação a 2019, chegando a US$ 6,6 bilhões. As vendas de açúcar para o país asiático chegou a US$ 1,3 bilhão, alta de 27,3%.
A aposta é que a demanda global continue alta, então o cenário de 2021 deve ficar parecido com o de 2020. Os principais mercados para os alimentos brasileiros, destaca Dornellas, estão na Europa e na Ásia. Na Europa, a aprovação do tratado comercial entre Mercosul e União Europeia é visto pelo presidente da ABIA como iminente, assim como o Reino Unido, já devidamente separado pós-Brexit. “[A Europa] é um mercado de 450 milhões de pessoas com renda alta”, diz. Outro país importante para a indústria alimentícia brasileira é a Holanda, terceiro maior destino de exportação, totalizando US$ 1,7 bilhão.
Já no continente asiático, para além da China com US$ 8,2 bilhões e Hong Kong com US$ 1,9 bilhão, países como Indonésia e Japão estão se tornando importantes parceiros comerciais. Além disso, os países árabes – parceiros históricos do setor alimentício brasileiro – são vistos como um mercado continuamente promissor, que investe em tecnologia e crescimento interno. De acordo com os dados da ABIA, a indústria de alimentos e bebidas gerou 20 mil vagas diretas de trabalho, uma alta de 1,2% em comparação a 2019, chegando a 1,68 milhão de vagas, mesmo com o impacto da Covid-19 gerando um custo adicional de produção de 3,8%.
O mercado interno teve uma queda de 0,85% em vendas reais, com um crescimento do mercado varejista em 16,2% e uma queda do food service (alimentação feita fora do lar) de 24,3%. De acordo com Grazielle Parenti, presidente do Conselho Diretor da ABIA, mesmo com a queda deste último, diretamente ocasionada pelo impacto da pandemia, já se percebe uma retomada deste setor. Grazielle também assinala que a indústria nacional conseguiu se organizar para evitar o desabastecimento durante a pandemia. “Em março do ano passado a gente conversou que não pode deixar faltar alimento, e fomos bem sucedidos”, disse.
A estimativa de crescimento da indústria de alimentos para 2021 é de 3%, com a expectativa da retomada da economia e do aumento da capacidade de vacinação da população. Entretanto, de acordo com Dornellas, esse crescimento só será possível se concomitante ao combate à pandemia se consiga promover também as reformas do Estado defendidas por líderes dos setores produtivos.
Fonte: Jornal do Comércio
Créditos da Imagem: WENDERSON ARAUJO/CNA/DIVULGAÇÃO/JC