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Máxima histórica da carne é ponto fora da curva
05/12/2019

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Máxima histórica da carne é ponto fora da curva

A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) considera que a máxima histórica do preço da carne bovina registrada no final de novembro é "ponto fora da curva", resultado de uma confluência de fatores que vai além da explosão de demanda da China. A avaliação foi feita Bruno Lucchi, superintendente técnico da CNA, durante o balanço anual feito pela entidade.

Em 29 novembro, o preço da arroba do boi gordo atingiu a máxima histórica de R$ 231,35, o que representou alta acumulada de 35,5% no mês. Na terça-feira, dia 3, a cotação diária teve recuo de 3,67%, chegando a R$ 219,45 a arroba, segundo o indicador Esalq/B3. De acordo com Lucchi, o aumento das exportações à China -que assistiu a uma drástica redução do seu rebanho suíno em razão da peste africana- não foi a única razão para a elevação dos preços da proteína bovina no Brasil. Também contribuíram, disse o representante da entidade, uma oferta reprimida registrada em 2019 e a gradual recuperação da demanda dos consumidores nacionais nos últimos meses.

"A questão da oferta e demanda já vai se equilibrar. O que aconteceu nesse período foram realmente vários fatores pontuais que pegaram os seus extremos, o que culminou num ponto realmente fora da curva", afirmou o superintendente.

Apesar da avaliação de que haverá um reequilíbrio da oferta e da demanda, o presidente da entidade, João Martins, disse que os preços da carne bovina não vão voltar aos patamares praticados há 60 ou 90 dias atrás, porque os valores estavam reprimidos. "Estávamos no pico da baixa da entressafra, com o menor preço dos últimos anos. Já estávamos esperando, se não houvesse essa demanda muito grande lá fora e se não houvesse essa desvalorização cambial, que alguma coisa acontecesse", declarou. "Outra coisa: não é só a China que está comprando carne. Tem China, Vietnã, Estados Unidos (carne processada). Há demanda do mundo inteiro. Os preços já estão se acomodando", concluiu.

Na apresentação feita na CNA, foram apresentados números sobre a explosão da demanda chinesa. A peste suína africana levou a uma redução de 28% do rebanho chinês em 2019, com 120 milhões de cabeças a menos. Isso fez com que os chineses aumentassem as compras de proteínas animais de gado e de frango.

De acordo com a confederação, de janeiro a novembro houve um aumento de 39,5% das exportações brasileiras de carne bovina à China. Também houve forte incremento do envio de porco (49%) e de frango (27,7%) para o gigante asiático.

Segundo o superintendente da CNA, também contribui para a alta demanda chinesa a proximidade com o ano novo daquele país, em 25 de janeiro, quando é tradição que a população consuma mais proteína animal. Para argumentar que haverá um reequilíbrio dos preços, Lucchi disse que a China chegou a pagar US$ 5,8 mil pela tonelada de carne bovina em novembro.

"A tendência está sinalizando que em dezembro esses valores vão ter um reajuste, porque até mesmo para eles [chineses] é um valor muito elevado para se pagar na tonelada de carne bovina", afirmou o superintendente. Na frente interna, a CNA citou uma oferta menor de carne bovina por parte dos produtores neste ano, além da recuperação do consumo das famílias e o aumento tradicional das compras de carne registradas para as festas de fim de ano.

Setor agropecuário prevê faturar R$ 670 bilhões em 2020

A CNA prevê uma alta de 9,8% na receita do setor em 2020, na comparação com 2019. A expectativa é que o Valor Bruto de Produção (VBP), índice que mede a receita "dentro da porteira", fature cerca de R$ 669,7 bilhões. Para o Produto Interno Bruto (PIB) do setor a previsão é de um crescimento de 3% em 2020.

De acordo com a entidade, o carro-chefe do faturamento será a agropecuária, com previsão de crescimento de 14,1%, equivalente a R$ 265,8 bilhões. Na avaliação da CNA, a perspectiva de aumento da produção fará com que 2020 seja considerado "o ano do setor".

No caso da carne bovina, a expectativa é de expansão de 22,2% no VBP, atingindo receita de R$ 129,1 bilhões. Já para os suínos, espera-se aumento de 9,8% do VPB. A pecuária de leite deverá crescer 7,5% o VPB; e o frango, 7,1%. De acordo com o superintendente técnico da CNA, Bruno Lucci, "o produtor (de carne) vai reagir, estimulado pelo preço, e investirá em tecnologia pare ganhar em escala". Segundo ele, com isso, "não faltará carne no mercado brasileiro".

Em 2020, o VBP da agricultura deverá crescer 7,2%, alcançando R$403 bilhões. O principal destaque ficará com a soja, com previsão de alta de 14,1%, encerrando o ano agrícola.

Fonte: Jornal do Comércio
Créditos da Imagem: Banco de Imagens ASGAV