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O Efeito China no Rio Grande do Sul
28/03/2017
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A semana começou de um jeito diferente para a indústria de proteína animal do Estado. A decisão da China de retomar as compras do produto brasileiro mantendo a restrição apenas para as 21 plantas sob investigação teve duplo efeito.
O primeiro foi de alívio, já que os chineses são grandes compradores de carne, sobretudo de aves. O segundo, de expectativa, uma vez que Hong Kong, outro importante importador, poderá seguir os mesmos passos e levantar a suspensão.
– O posicionamento da China nos coloca em um cenário favorável. Hong Kong deve, nos próximos dias, se posicionar e retirar a suspensão. Aí, a coisa se encaminha para a suinocultura – estima Rogério Kerber, diretor-executivo do Sindicato da Indústria de Produtos Suínos do Estado (Sips).
Hong Kong é o segundo principal mercado para este tipo de carne no país e tem peso maior para o Rio Grande do Sul do que a China – porque compra também carne com osso.
Na indústria de aves, a sensação é igualmente positiva. O Estado tem cinco plantas habilitadas a vender para os chineses. O país asiático foi destino de 12% dos embarques brasileiros.
– É uma retomada importante, porque temos empresas aptas a exportação que mudaram todo o plano de produção para atender a esse mercado – pondera José Eduardo dos Santos, diretor-executivo da Associação Gaúcha de Avicultura (Asgav).
Apesar de o Estado ter apenas um frigorífico bovino habilitado à venda para a China, a suspensão das restrições daquele país é vista com alívio, conta Zilmar Moussalle, diretor-executivo do Sindicato das Indústrias de Carnes e Produtos Derivados do Rio Grande do Sul (Sicadergs):
– Os chineses são hoje um dos maiores compradores. O ritmo dos abates começará a voltar ao normal, para que os contratos sejam cumpridos.
Há, no entanto, uma diferença entre estar apto e vender de fato. A Operação Carne Fraca lançou uma suspeita sobre o produto brasileiro e, em um primeiro momento, ainda pode haver uma certa lentidão nas encomendas.
– A gente sabe que haverá retração tanto no mercado interno quanto no externo, mas com retomada rápida. É um período transitório. A coisa deve se estabilizar – opina Santos.
O ano será de surpersafra e também de superfretes. O custo para levar o grão produzido até o porto de Rio Grande crescerá na casa de dois dígitos, mostra levantamento da Federação da Agricultura do Estado (Farsul).
– É um aumento muito grande. Nada subiu 26%, e houve queda nos preços das commodities – pontua Antônio da Luz, economista-chefe do Sistema Farsul.
Afrânio Kieling, presidente do Sindicato das Empresas de Transportes de Carga e Logística, diz que diversos fatores oneraram a atividade. O roubo de cargas, a má conservação das estradas, que gera custo adicional de manutenção, e os pedágios mais caros.
– Com a recessão, as empresas foram reduzindo, segurando as tarifas. Só que chegaram em um momento em que não têm mais como segurar – complementa.
A Farsul defende mudança estrutural, que envolva outros modais.
– O Estado já teve sistemas hidroviário e ferroviário como grandes opções, mas que hoje estão em um plano de coadjuvantes – afirma Fábio Avancini Rodrigues, diretor da entidade.
Fonte: Zero Hora
Créditos da Imagem: Diego Vara / Agencia RBS