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Patram reforça fiscalização contra Influenza Aviária no Taim
30/05/2023

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Duas aves mortas foram avistadas nesta terça-feira (30) pelo helicóptero da Patrulha Ambiental da Brigada Militar durante sobrevoo na Lagoa Mangueira, em Santa Vitória do Palmar, próximo ao local onde foi identificado foco de Influenza Aviária. A aeronave, além de uma embarcação, reforçam a varredura na região, iniciada ainda na semana passada, por cerca de 25 técnicos da Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (Seapi), além de servidores do Ministério da Agricultura e Pecuária e do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). As carcaças deverão ser resgatadas nesta quarta-feira (31).

A ideia é percorrer todos os 800 quilômetros quadrados do estuário, partindo do local onde 59 cisnes-do-pescoço-preto e uma caraúna foram encontrados mortos ou sintomáticos para H5N1 desde quarta-feira e esquadrinhando a área em direção ao sul. O resultado positivo para amostras coletadas de cinco das 37 aves mortas recolhidas no dia 24 foi divulgado na segunda-feira (29). Material recolhido de outros cinco animais entre 23 encontrados moribundos no dia 25, que foram submetidos a eutanásia, também seguiu para análise no Laboratório Federal de Defesa Agropecuária de Campinas (LFDA-SP), unidade de referência da Omsa.

“Definimos um raio de 10 quilômetros, conforme determinam os protocolos da Organização Mundial de Saúde Animal (Omsa), e vistoriamos detalhadamente. E, ao final, partimos para outra área”, explica a diretora do Departamento de Vigilância e Defesa Sanitária Animal da Secretaria da Agricultura, Rosane Collares.

Ela ressalta que as ações de vigilância já vinham sendo realizadas de forma ostensiva em lagoas, lagunas, banhados e barreiras, por conta dos casos relatados da doença na América do Sul e, desde a metade de maio, em território brasileiro. E que, agora, o caminho é intensificar principalmente as medidas de educação sanitária, principalmente juto à população leiga e caçadores que frequentam a região. “É importante reforçar a esses públicos que não se deve tocar em aves doentes, moribundas ou mortas. A transmissão do vírus se dá pelo contato de secreções pelas vias aéreas. E pode, sim, afetar humanos. Se algum animal em condição suspeita for avistado, é recomendado se afastar e acionar o serviço veterinário oficial”, diz a médica veterinária.

Nesta terça-feira, a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), em conjunto com a Organização Avícola do Estado do Rio Grande do Sul reafirmaram a intensificação de ações de enfrentamento ao vírus, junto ao Comitê de Enfrentamento à Influenza Aviária de Alta Patogenicidade do Serviço Veterinário Oficial, que congrega integrantes do Mapa e da Secretaria da Agricultura. As entidades ressaltam, ainda, segundo todos os órgãos de saúde internacionais, não há qualquer risco no consumo de carne de frango e ovos. Enfatizam que as exportações desses produtos seguem em fluxo normal e que não há qualquer risco ao abastecimento.

Diante do avanço da doença pelo mundo, a ABPA tem se manifestado em apoio à realização de estudos sobre a vacina contra a Influenza Aviária, em linha com os pontos defendidos pelo International Poultry Council (IPC) e o International Egg Council (IEC). “Mesmo não demandando a medida para a sua própria produção – já que a estratégia do governo brasileiro é de monitoramento e de erradicação de eventuais focos – o setor produtivo brasileiro defende que não haja barreiras comerciais às nações que optarem pela adoção da medida”, diz a entidade.

A eventual adoção da vacina somente ocorrerá por decisão do Ministério da Agricultura e Pecuária, por meio do Plano Nacional de Sanidade Avicola. Mas o tema vem sendo levantado por especialistas como medida para evitar que sucessivas mutações no vírus acabem por torná-lo cada vez mais adaptado ao homem. É o que diz Celso Granato, diretor clínico do Grupo Fleury, detentor da marca Weinmann e Serdil, no Rio Grande do Sul.

O infectologista lembra que doenças de aves costumam causar graves enfermidades em humanos, uma vez que o organismo não tem anticorpos para enfrentar esse tipo de vírus. E que milhares de mamíferos marinhos e terrestres já foram morreram infectados por Influenza Aviária ao redor do mundo.

“Vírus de aves, quando ultrapassam a barreira entre espécies, costumam causar graves enfermidades. Em humanos, por não termos anticorpos para o H5N1, o risco é grande. Por isso, seria valioso considerar a vacinação de aves de subsistência e de granjas comerciais”, diz Granato.

Fonte: Jornal do Comércio
Créditos da Imagem: ESEC/TAIM/DIVULGAÇÃO/JC