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PIB da agricultura gaúcha deve cair 3,2% neste ano
13/06/2019

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PIB da agricultura gaúcha deve cair 3,2% neste ano

Apesar de irrigar diretamente na economia do Rio Grande do Sul mais de R$ 29,1 bilhões - além do dinheiro que respinga posteriormente, em diferentes setores - , a safra 2018/2019 não terá muito o que ser comemorado pelos produtores. De acordo com estudo sobre os impactos financeiros da atual colheita gaúcha realizado pela Farsul, as despesas operacionais 12% maiores do que no ciclo anterior e os preços achatados da soja nos últimos meses vão deixar poucos recursos no bolso do agricultor. A estimativa da Farsul é que Produto Interno Bruto (PIB) da agricultura gaúcha encolha 3,2% no em 2019, somando R$ 108,8 bilhões, provocando reflexos no PIB gaúcho como um todo.

O estudo divulgado ontem pela Farsul foi feito com base em dados já finalizados da colheita revela dados pouco alentadores, mesmo sendo, em volume, uma das melhores da história. O primeiro golpe nas finanças do produtor veio antes do plantio. Apenas em dois meses, entre julho e agosto, principal período de formação dos custos de produção, a alta dos insumos foi de 4%, em média. O segundo baque veio após a colheita, com a queda do dólar e com a soja comercializada por ate cerca de R$ 60,00 a saca, ante próximo de R$ 80,00 no ano passado.

“Quando temos uma safra ficamos muitas vezes presos ao volume, se caiu ou subiu. Mas os valores financeiros é o que motiva, é a razão. Ninguém planta para bater recorde de volume, mas sim financeiro”, ressaltou o economista-chefe da Farsul, Antônio da Luz.

Elaborado com base em dados consolidados até maio pelo Instituto Brasileiro de Geografia e estatística (IBGE), ou seja, a partir de números reais de colheita, o levantamento mostra por onde escoaram os ganhos entre o plantio e a colheita. De um Valor Bruto de Produção (VBP) de R$ 29,1 bilhões, a indústria química e de fertilizantes, juntas, foram abastecidas com R$ 13,67 bilhões (quase 50%). Outros R$ 4 bilhões alimentaram os cofres das instituições financeiras, R$ 3,7 bilhões foram para sementeiras, R$ 2,6 bilhões para indústria metalmecânica, R$ 1,9 bilhão para indústria petroquímica e R$ 1,1 bilhão despedidos com transporte, entre outros.

“Quem mais fatura são as indústrias de fertilizantes e químicas. Logo depois vem o setor financeiro. No final das contas, do valor faturado, 88% foram com custos operacionais efetivos, gastos com indústrias e serviços. Foi a mais cara safra da história”, destacou Ruy da Silveira Neto, que apresentou o estudo.

Apesar da robustez dos números e dos R$ 108,8 bilhões previstos para o PIB da agropecuária, o levantamento conclui que a cifra é 3,2% inferior ao PIB alcançado pelo agronegócio no ciclo 2017/2018. Ou seja, dado o peso da agricultura para o Estado, neste ano o setor deverá contribuir negativamente para o fechamento do PIB gaúcho como um todo. De acordo com Luz, apesar de a elevação da cotação do dólar nos últimos dias poder alterar um pouco esse cenário, a retração pode ser modificada positivamente em no máximo 0,5 pontos, avalia Luz.

Grão que pode ser apontado como o motor da agricultura, a soja tem bons números de colheita (alta de 5%, alcançando 18,5 milhões de toneladas) e indicadores negativos quando entra em cena o cálculo financeiro, com queda de 3% no VBP, retraindo de R$ 22,5 bilhões em 2018 para R$ 21,9 bilhões neste ano. Os ganhos ficam restritos basicamente ao milho (alta de 16% no VBP, com R$ 3,17 bilhões). Já no arroz há queda de 11%, de R$ 7,18 bilhões para R$ 6,4 bilhões e de 18% no trigo (de R$ 1,43 bilhão para R$ 1,16 bilhão).

“Além do cenário nacional, onde se tem visto projeções cada vez menores para o PIB, o Rio Grande do Sul ainda deve contar com mais esse aspecto negativo que é redução no PIB agrícola”, sintetiza o economista da Farsul.

Fonte: Jornal do Comércio
Créditos da Imagem: Karine Viana/Arquivo Palácio Piratini/JC