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Receita com exportações de frango recuam quase 12% no trimestre
04/04/2018
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A suspensão das exportações de carne de frango por cerca de 10 plantas da BRF no mês passado, pelo Ministério da Agricultura, já se reflete em queda nos negócios e deve acarretar mudanças no mercado interno. De acordo com a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), no primeiro trimestre foram 1,017 milhão de toneladas exportadas, queda de 5,6% sobre o mesmo período do ano passado. Em receita, as vendas alcançaram US$ 1,605 bilhão, 11,9% inferior ao US$ 1,822 bilhão dos três primeiros meses de 2017.
A retração, que leva produtores a manterem nos aviários um volume extra de animais (com mais custo de alimentação, por exemplo) pode levar o produto a ser "desovado" no mercado interno, reduzindo preços ao produtor e ao consumidor. Depois da suspensão das exportações em três fábricas no começo de março em Rio Verde (GO), Carambei (PR) e Mineiros (GO) o Ministério da Agricultura também adotou a mesma restrição a outras unidades, no dia 16 de março, incluindo duas no Rio Grande do Sul, em Serafina Corrêa e Marau.
No Estado, até o momento, os danos foram pequenos. Houve apenas uma parada em Serafina Corrêa, de acordo com o Sindicato dos Trabalhadores na Indústria de Alimentação da cidade, por excesso de estoque e, consequentemente, falta de local para armazenamento. Ainda assim, o futuro da atividade e dos empregos traz apreensão. "Na sexta-feira, haverá reunião com a BRF em São Paulo, quando teremos mais informações sobre o caso. Até o momento, sabemos apenas de férias coletivas em Capinzal, em Santa Catarina", diz o presidente do sindicato, lembrando que os abates somados das duas unidades gaúchas chegam a 400 mil animais/dia.
O futuro de setor, caso a situação não seja resolvida em breve, preocupa a ABPA. A entidade, porém, acredita que se houver a rápida retomada das exportações de plantas suspensas para embarques à União Europeia ainda será possível reduzir os prejuízos. "O ano era promissor para o setor, mas a soma entre custos de produção em elevação e as suspensões de plantas pelo próprio Brasil para a União Europeia impactou negativamente o saldo do trimestre", lamenta o presidente da ABPA, Francisco Turra.
Ainda de acordo com a entidade, o impedimento se refere a critérios de classificação de produtos e não tem riscos ao consumidor. Turra, porém, destaca que os empregos do setor estão sendo colocados em risco em um momento fundamental para a retomada econômica do País. "Abrir um mercado toma anos de investimentos e é uma grande luta. Por este motivo, confiamos que o Ministério da Agricultura agilizará este processo de negociação com a Europa, tratando-o prioritariamente", defende Turra.
Vice-presidente da Sociedade Nacional da Agricultura (SNA), Hélio Sirimarco diz que até o momento os preços aos produtores estão estáveis, mas que a continuidade da suspensão pode reduzir os valores pagos a criadores e pelos consumidores. No horizonte dos custos ao produtor, a notícia positiva é a boa safrinha de milho, que pode ajudar a amenizar os gastos com alimentação das aves. "A situação não é crítica, mas claro que o cenário preocupa um pouco. De qualquer forma, esperamos pela reversão das suspensões, pela volta da normalidade e um bom segundo semestre."
Destaque mundial no setor
Liderança brasileira
O Brasil é apontado com maior exportador de frango do mundo, com mais de 6 bilhões de aves por ano. Deste total, 30% pelo menos vai para algum lugar no mundo, dentre os 160 países de destino.
Tradição exportadora
Os primeiros embarques do Brasil ocorreram em 1976, para a Arábia Saudita e Catar. A Sadia foi a primeira empresa brasileira e exportar carne de frango. Já ali se desenvolvia o potencial brasileiro de produzir carne de frango halal.
Logística complexa
A logística do produto (perecível e congelado) é bastante complexa. As exportações vão em contêineres refrigerados, com temperatura monitorada em todo o trajeto. Os custos variam muito de acordo com destino e produto, e também por empresa de transporte.
Curiosidades e mercados
A Arábia Saudita é nosso maior importador, destino de 14% das exportações. Para lá só exportamos produtos halal, que seguem os preceitos do islamismo. O Japão é o segundo maior importador. Mandamos para lá produtos variados, entre eles, o famoso Kakugiri, cubos de sobrecoxa ou coxa de frango desossados. Já China, terceiro maior destino, é a principal apreciadora de pés. Um grande volume de garras, junto com asas e outras extremidades das aves é embarcado para lá.
Fonte: Jornal do Comércio
Créditos da Imagem: MPT-RS/DIVULGAÇÃO/JC