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Reflexos do Benefício Emergencial (BEm) na Indústria gaúcha
05/07/2021
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Um dos principais fatores que explicam os bons resultados do emprego formal nos últimos meses é a estabilidade dos trabalhadores cobertos pelo Benefício Emergencial (BEm), programa que permite a suspensão de contrato e a redução de jornada de trabalho. Na edição de 2020 do programa, foram celebrados 20,1 milhões de acordos envolvendo 9,8 milhões de trabalhadores no Brasil. Em 2021, já são 2,7 milhões de acordos que beneficiam 2,4 milhões de pessoas.
O contingente de empregados que adquiriram estabilidade durante a vigência do programa em 2020 se somam aos beneficiados com a nova rodada iniciada no final de abril de 2021. Em maio, havia 3,5 milhões de trabalhadores no Brasil com garantia provisória de emprego ou com acordo ativo em decorrência do BEm, contingente que deve diminuir até 1,3 milhão em dezembro. Lembrando que esse número pode aumentar conforme mais empresas e trabalhadores utilizem as medidas que valem até o dia 25 de agosto.
No RS, 1,3 milhão de acordos foram celebrados em 2020 e a rodada de 2021 já contabiliza 147,5 mil. O setor de Serviços (81,4 mil) responde pela maioria dos acordos recentes. Na Indústria (65,9 mil), quase 60% dos acordos foram firmados pelo setor calçadista.
Conforme o artigo acima, o setor de Couro e calçados foi o segundo que mais perdeu empregos na Indústria de Transformação gaúcha em maio/21, com o fechamento de 505 vagas. Os dados históricos mostram que há uma forte sazonalidade no setor no primeiro semestre: as contrações são feitas entre janeiro e março e os desligamentos ocorrem entre abril e junho.
O que chamou a atenção foi o saldo negativo relativamente baixo para o mês de maio/21 (-505 vagas), inclusive sendo melhor que o observado em abril/21 (-1.925 vagas), o que não é comum. No período entre 2007 e 2019 – não olhamos para 2020 em função do forte impacto do início da pandemia –, nunca o mês de maio (média de -1.276 vagas) foi melhor que abril (média de -191 vagas) para o setor.
Os dados do BEm ajudam a explicar o saldo observado em maio. Na Indústria de Transformação gaúcha, o setor de Couro e calçados foi de longe o que mais fez acordos em 2021: 38.251 acordos firmados até o momento, sendo que o segundo colocado é o setor de Alimentos com 4.835 acordos.
Portanto, esse é uma hipótese para a situação atual do emprego formal: em vez de seguir a sazonalidade e desligar os funcionários em um momento de baixa atividade para o setor, as empresas estão utilizando as medidas do governo para preservar os empregos.
Fonte: FIERGS