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Setor de carnes debate tributos, desafios e oportunidades no Tá na Mesa
24/09/2020
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A reunião-almoço Tá na Mesa, promovida semanalmente pela Federasul, teve a carne como seu prato temático virtual na edição desta quarta-feira (23). Os convidados desta edição on-line foram os presidentes da Associação Gaúcha de Avicultura (ASGAV), Eduardo dos Santos; do Sindicato das Indústrias de Produtores de Suínos (SIPS), José Roberto Goulart, e do Sindicato das Indústrias de Carne do RS (Sicadergs), Ronei Lauxen.
O recuo do governo do Estado no encaminhamento da proposta de Reforma Tributária, que trazia aumento da carga de ICMS sobre alimentos e em insumos do agronegócio, foi o fato destacado por todos. Começando pela presidente da Federasul, Simone Leite. Para a empresária, que liderou boa parte das críticas ao Piratini desde o início, a alta de tributos sobre os alimentos seria uma “sentença de morte”, ao dificultar o acesso da população à comida, o que poderia levar a uma queda progressiva no consumo com a alta nos preços.
“Eu diria que foi um grande avanço este recuo, com o governador Eduardo Leite retirando o encaminhamento do projeto da Assembleia Legislativa e oportunizando um debate mais amplo sobre a reforma”, disse Simone, logo no início das apresentações.
O tema foi seguidamente abordado pelos convidados. Tendo como insumo principal o milho, a criação de aves e suínos, por exemplo, faz grandes aquisições de milho fora do Estado, o que leva o Rio Grande do Sul a perder arrecadação. E não havia na proposta encaminhada nenhuma alternativa a um problema como este, indicaram Santos e Lauxen.
“Foi o grade apoio do Paraná à produção de milho e à indústria, por exemplo, que tornaram o Estado o maior produtor de aves. O setor tem muitos méritos, mas também há mais apoio do Estado para reduzir custos de produção, que aqui no Rio Grande do Sul é elevado em cerca de R$ 1 bilhão por diferentes fatores tributários”, disse Santos.
Goulart também abordou o tema em sua fala, mas destacou como fator positivo o recente empenho do governo em avançar com a retirada da vacina contra aftosa no Estado, o que trará ganhos de mercado em países, abrindo espaço também para a carne com osso na China, além de Japão, Coréia do Sul e México.
“Poderemos acessar uma mercado exportações fechado para nós, atualmente, com a vacinação, que representa em torno de 5 milhões de toneladas de carne”, avaliou o presidente do Sips.
Com consumo fortemente baseado no mercado interno gaúcho, o setor de carne bovina, representado no evento por Lauxen, também celebrou o tempo extra para debates sobre a reforma tributária.
“Eu realmente não consegui entender a proposta de promover aumento de tributos em alimentos, especialmente em um momento como o atual, o que fatalmente levaria à queda no consumo e na arrecadação”, criticou Lauxen.
Ainda que o setor exporte apenas 15% dos abates e processamentos feitos no Estado, o presidente do Sicadergs assegura que 2020 foi um ano muito atípico, com vendas 70% maiores para o Exterior. Por outro lado, o desafio é reduzir os embarques de gado vivo.
“É legítimo que os criadores exportem gado vivo e busquem melhores preços. Mas claro que isso também nos tira matéria-prima. Trabalhamos com um nível elevado de ociosidade na indústria”, lamentou Lauxen.
Fonte: Jornal do Comércio
Créditos da Imagem: Reprodução/JC